Conheço tantos jovens que se queixam da Matemática! No meio de desgostos amorosos, questões com os amigos e contestações aos pais, lá surgem os protestos com a Matemática, os stôres exigentes e os que não sabem a matéria, a «seca» das aulas.
Confesso que lido melhor com assuntos do coração do que com questões dos números. Já tive um explicador de eleição, com bons resultados, mas que de vez em quando me dizia que o tal aluno era «preguiçoso». Como nunca entendi o que é a preguiça, fiquei sem saber o que fazer.
Agora procedo de outra forma: procuro que estudem Matemática todos os dias, porque para vencer os «traumas» nada há melhor do que os enfrentar. E porque percebi que a continuidade da aprendizagem era essencial para um bom desempenho, insisto no trabalho diário. Tive um assistente na Faculdade que dizia: «Lá vêm vocês pedir adiamento dos testes e avaliações orais. Para quê, se estudam tudo na véspera?!» Ora a Matemática não chega estudar nas vésperas, é preciso estudar sempre!
E como acredito na infância, acho mesmo que o problema está no 1º ciclo. Aí é que é fundamental ensinar bem e aprender sem medo.
Estas notas foram amavelmente escritas pelo Professor Daniel Sampaio em reposta à solicitação para que opinasse sobre a ansiedade de alguns alunos em relação à Matemática.
Daniel Sampaio é doutorado em Medicina na especialidade de Psiquiatria. Para além da atividade docente no ensino superior e da atividade clínica num hospital, é autor de diversos livros e intervenções públicas sobre a escola, os professores e a sua relevância para os adolescentes.