Caro Senhor Doutor Psicólogo, chamo-me João Carlos Terroso e sou Professor de Matemática no ativo. Tenho 3 anos e meio de carreira e já passei por todo o tipo de realidades profissionalmente.
Sim! Sou maluco ao quadrado... Fui estudar Matemática e dediquei-me ao ensino. Mas também digo que ainda bem. Gosto de fazer a diferença ou pensar que faço a diferença todos os dias em contexto de sala de aula.
Lido bem com a inovação, com a tecnologia e com a realidade das atuais gerações. Não me importo com o uso (de forma produtiva) do telemóvel, da calculadora ou do “Doutor Google”. Gosto também de usar a amiga Siri do meu telemóvel para explicar porque é que os miúdos não devem dividir algo por zero. Já experimentou? É um momento engraçado em que eles acabam por aprender.
Evito definições (só as estritamente desnecessárias). Para quê pedir aos meus alunos para escrever as imensas definições abstratas da Matemática quando o que me interessa é eles saberem fazer Matemática?
Não sou Professor de me meter no quadrado a “debitar” matéria. Não tenho paciência! De todo! Gosto de ver os meus alunos a fazer, a mexer, a pensar, a trabalhar... Não individualmente, pois acho que a sociedade já não pede isso. Trabalho de grupo é uma das regras básicas das minhas aulas.
Sou apologista do velho ditado “Explicar é aprender duas vezes”. E com isto não me refiro à minha prática. Tenho um diploma lá em casa que me diz que sei Matemática. Os meus alunos trabalham entre si, explicam Matemática uns aos outros, aprendem uns com os outros. Nas minhas bases de formação aprendi que só se aprende Matemática fazendo Matemática. Não assistindo...

Reconheço que aborreço os meus alunos se me ponho a falar de Matemática durante mais de 20 minutos. Evito fazer tal... Afinal de contas eles não estão numa sala de cinema e não vão à escola para ouvirem um interlocutor de rádio. Nas minhas aulas, tento com que todos os momentos sejam participados e para todos.
Não gosto de ter práticas educativas clássicas. Ter 27 “marmanjos” à minha frente com cara de quem está atento, mas cerebralmente desligados, não é para mim. Gosto de ver os meus alunos a falarem e discutirem uns com outros. O ambiente de Assembleia agrada-me e considero que só assim o processo de ensino e aprendizagem resulta. Digamos que tenho o papel de Presidente da Assembleia da Sala de Aula e os meus alunos são os deputados.
Gosto de ouvir o burburinho de conversa de trabalho. Ok, admito por vezes ignoro conversas paralelas que eles têm sobre coisas que não interessam. Mas também quem é que já não fez o mesmo em contexto de trabalho? Tantas vezes estou em trabalho colaborativo com os meus colegas professores e, de repente, estamos a conversar sobre aquele restaurante espetacular a que fomos no fim de semana. Acontece.... Pronto!
Provavelmente tenho uma conduta um pouco diferente do que se considera ser uma conduta clássica de um Professor. Mas sejamos realistas... Já não estamos na época clássica do ensino da Matemática, certo? Aliás, não estamos na época clássica do ensino de qualquer disciplina.
Não me importo que me achem maluco, ingénuo.... Que me digam que as coisas não são assim e que se devem fazer como sempre se fizeram. Sabe o que me importa mesmo...? Chegar ao fim da aula/dia e dizer para mim próprio “Missão cumprida!” e sentir feedback do lado dos alunos a concordar com isto.
Ah! Já acabou o tempo?!? Foi rápido!
Foi bom desabafar consigo. Volto na próxima semana para mais uma sessão. Até lá não se esqueça... Num triângulo retângulo, a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. Pronto, pronto... Já não está cá quem falou!