Começo por lembrar que desde sempre a Matemática integra o currículo elementar de qualquer aluno que pertence a qualquer sistema de ensino. Mais do que a ciência dos números, a Matemática envolve outras competências para além de somar, subtrair, multiplicar e dividir.

A disciplina de Matemática engloba uma grande variedade de conhecimentos e desenvolve uma grande quantidade de capacidades individuais. Se por trás de um aluno existir um processo de ensino e aprendizagem abrangente e de qualidade, a Matemática consegue desenvolver o seu raciocínio, a sua capacidade de resolução de problemas, o seu pensamento, a sua capacidade comunicação, o seu poder de observação e de detalhe, a sua concentração, a sua originalidade e capacidade de inovação, e tantas outras que poderia continuar a nomear.

Mais do que o cumprimento de um programa ou a conquista de uma lista de metas que se impõem, o professor de Matemática deverá ser um dos muitos “embaixadores” da missão que é educar, antecipando e prevendo a contribuição que a própria disciplina poderá ter na construção de um futuro cidadão do Mundo.

Ou seja, mais do que saber resolver equações, percecionar uma semelhança de triângulos ou descobrir os zeros de uma função, os professores deverão contribuir na grande missão que é ensinar aos alunos a serem cidadãos do Mundo. Não no Mundo dos séculos passados, pois não são nesses que eles vivem. No Mundo do século XXI, feito cada vez mais de partilha de informações, de comunicação, de tecnologia, de debate, de constante reflexão, de exploração de novos e melhores paradigmas.

A sociedade exige cada vez mais dos sistemas educativos e os sistemas educativos deverão conseguir contribuir para responder a essa exigência. A Matemática sendo uma das disciplinas principais e uma das mais importantes dos currículos de qualquer país deverá estar predisposta a abrir-se a esse desafio. E esta predisposição só poderá ser aceite por nós, os seus “embaixadores”.

Assim, nunca nos podemos esquecer que nós, professores de Matemática, somos os principais agentes nesta contribuição que a Matemática poderá dar ao Mundo. Para tal, há que abrir a nossa capacidade de ler e interpretar o Mundo, descer ao patamar da realidade vivida pelos alunos, temos de ter uma grande capacidade de leitura constante do Mundo e da realidade que nos envolve, sair da nossa “redoma” (por muito que nos custe). Há que abrir a nossa realidade ás novas realidades!

Já escrevia José Saramago “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”.