Não podia deixar de terminar este ano letivo sem escrever sobre o assunto que está a dar muito que falar... As recomendações para a melhoria da aprendizagem dos alunos em Matemática.

Confesso que ainda não terminei de ler o documento com 299 páginas, mas à presente data já consegui ler uma boa parte dele.

Começo por referir que este documento foi “encomendado” pelo Ministério de Educação ao Grupo de Trabalho de Matemática, sendo que nele deveria constar “um conjunto de recomendações sobre o ensino, a aprendizagem e a avaliação na disciplina de Matemática”.

Como óbvio, não acho justo, nem correto me pronunciar sobre o conteúdo do documento neste presente texto. Para isso terei o lugar certo para o fazer. Venho antes apelar à sua leitura, análise e reflexão por parte de todos.

Pretendo ter um papel ativo nesta fase de discussão pública do documento, mas não o faço nos lugares errados (como redes sociais ou outros) e da forma errada (sem a leitura e análise cuidadas que tal documento merece).

É importante termos noção de várias coisas:

  • O documento está numa 1.ª fase e em discussão pública, pelo que qualquer critica, comentário, sugestão e/ou melhoria deverá ser reportada para o respetivo e-mail que serve de recetor dessas mesmas contribuições. Não adianta tecer críticas positivas e menos positivas em contextos públicos se mais tarde essas críticas não chegam às instâncias certas. Quaisquer contribuições servirão para melhorar o documento e, por consequência, ir-se-ão refletir em melhorias do ensino e aprendizagem da Matemática.
  • Tal como o título indica, são recomendações/conselhos/sugestões/etc. pelo que não se deverão confundir com ordens/concretizações/leis/etc. Deveremos evitar ter como certo que todas as recomendações feitas serão para entrarem em circulação tal e qual estão formuladas. Poderão ser ou não. Tal poderá depender da falta de participação ou não nesta fase de discussão pública. Porque não participar e contribuir também?
  • Não devemos esquecer que este Grupo de Trabalho de Matemática é constituído por pessoas com muita experiência ligada ao ensino e aprendizagem de Matemática, bem como à formação e acompanhamento de professores. São cidadãos com um currículo ativo na contribuição para o ensino e aprendizagem da Matemática e com provas dadas de excelentes contribuições. Para não falar que o próprio grupo envolve pessoas dedicadas aos Ensinos Pré-escolar, Básico e Secundário, pelo que todos os anos de escolaridade estão contemplados neste documento.
  • Ler este documento não se deve cingir por ler parte dele ou apenas as recomendações que nele consta. Tal como os nossos professores da primária diziam na nossa altura “Um texto tem de ter cabeça, tronco e membros” pelo que a leitura das recomendações deverá passar por todas as ideias que nele estejam escritas. Aliás, para mim, é crucial ler a sua primeira parte antes das recomendações, pois realiza uma análise detalhada de todo o que está envolvido e permite explicar em parte o porquê de certas recomendações.

Então do que estamos à espera? Não queremos um ensino da Matemática com qualidade para nós e para os nossos alunos? Toca de fazer o nosso “trabalho de casa” (ou férias), ler bem o documento, registar ideias, ter conversas e discussões saudáveis com os nossos colegas de profissão e contribuir para este documento. Não esqueçamos que o Ministério nos está a dar a oportunidade de construirmos um currículo que queremos e não um currículo que alguém quererá.

Só contribuindo agora, praticando o nosso dever como cidadãos e professores, poderemos mais tarde reclamar e protestar contra eventuais decisões políticas futuras.